quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sinais divinos do além

Eu sou incapaz de tomar uma decisão. Sério, pergunta se eu quero comer pizza ou batata do Beluga. Eu não vou conseguir decidir, nós discutiremos por horas os prós e contras de cada uma das opções.

Por causa dessa minha total incapacidade de tomar decisões, sempre contei com sinais divinos do além como uma ajuda. Por exemplo, se descer gente do próximo ônibus que passar nesse ponto, é porque eu devo ir. Ou, se eu abrir o Gmail e tiver um recado de mensagem do Facebook, é porque eu não devo fazer tal coisa. E por aí vai.

Então, vocês podem imaginar que, quando eu estava pensando em não ir ao show da Laura Marling por falta de companhia pra sair daqui do Rio e ir pra São Paulo e, de repente, apareceu outra Laura querendo ir junto, entendi que aquilo SÓ PODIA significar que OS COSMO quer que eu vá. E ficou tudo lindo.

Aí descobri que o festival começa às 15h, o que dificulta muito a minha vida. O cosmo também está confuso. O que fazer nesse caso?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Garçons, restaurantes e por que voltar ou não

Eu vou começar o blog falando de garçons. Eu vou começar o blog falando sobre garçons por causa de duas experiências bem distintas que tive nesse final de semana. Acredito que metade da experiência em um restaurante se dá através do atendimento. A comida pode não ser lá essas coisas, mas você releva se o atendimento for bom. E é por isso que eu acho que o trabalho do garçom não se resume a servir comida; requer também uma boa dose de simpatia.

Sábado à noite, Joe e Leo’s de Botafogo, mesa com treze pessoas, conta que chegou a 700 reais. Uma das presentes era aniversariante, não do dia, mas da semana. Chamamos o garçom e avisamos que ela faz aniversário, queremos um brownie pra ela. Garçom é categórico e diz que só pode no dia do aniversário. Eu resolvo ser escrota e digo:

- No Outback, vale a semana toda.

Garçom, sem nada de humor, responde:

- Aqui não é o Outback.

Não respondi, mas pensei: claramente, aqui não é o Outback e, pelo visto, estaríamos todos muito mais satisfeitos se fosse. Infelizmente, aqui não é o Outback.

Um dos presentes argumentou que na Joe e Leo’s da Barra, o aniversariante ganha sobremesa na semana inteira do aniversário e que ele sabe disso porque comemora lá com a família todo ano, tradicionalmente. O garçom não dá muita bola e se limita a dizer que ali em Botafogo não é assim. Não quisemos nos estressar, afinal, não valia a pena. Mas isso me fez pensar bastante sobre como o atendimento é importante quando se vai a esses lugares. O problema não era não poder ganhar sobremesa fora do dia do aniversário, mas o fato de que o garçom nem tentou ser legal quanto a isso. Ele podia ter dito que ali no Joe e Leo’s de Botafogo não pode, mas que ele iria conferir com o gerente e ver se poderia liberar (afinal, éramos treze, com uma conta que daria 700 reais com os desmerecidos 12% -- sim, 12%, não 10%). Ele poderia ter incluído um “pô, foi mal” em algum lugar da resposta. Qualquer demonstração de educação ou qualquer tentativa de empatia teria sido valorizada. Até porque, ninguém quer se estressar, então somos fáceis.

(Só pra comentar que esse mesmo garçom, mais pro início da noite, se recusou a juntar tantas mesas sem que houvesse número X de pessoas e, quando mais uma mesa foi necessária, a que poderia juntar às nossas já estava ocupada por outras pessoas, o que fez com que ficássemos apertadinhos o resto da noite. Além disso, os pratos sujos nunca eram recolhidos. Embora o garçom voltasse à nossa mesa constantemente para anotar pedidos e outro viesse, repetidas vezes, trazer os pedidos, nenhum deles retirava a os pratos sujos empilhados ocupando espaço sem que nós tivéssemos que pedir.)

A conclusão da noite de sábado é que me diverti bastante graças à companhia, comi nachos gostosinhos, uma costela maravilhosa (melhor que a do Outback) com batata frita bem ruim e, de sobremesa, um brownie muito gostoso com sorvete de creme, chantily e macadâmia, mas tenho vontade zero de voltar lá, graças ao atendimento cocô que tivemos. Boa, Joe e Leo’s!

E aí, no domingo, fui ao Nova América e, na dúvida de onde comer, acabamos indo pra Parmê, que, convenhamos, não tem lá a melhor pizza do mundo. Gabriel, meu namorado, diz que o problema da Parmê é que todas as pizzas têm o mesmo gosto, mas pelo menos é um gosto bom constante.

Sentamos em um lugar meio afastado de onde estava cheio, o que logo nos fez ver que isso nos faria perder alguns sabores de pizza, pois os garçons esqueciam de passar pela nossa mesa. Eu queria muito comer aquela de camarão e catupiry e, quando vi uma saindo da cozinha, já preparei o prato para receber uma fatia. O garçom passou direto e foi para as duas mesas atrás de nós. A pizza acabou. Cutuquei o garçom e disse:

- Você nem trouxe a de camarão pra gente.

Ele se desculpou e disse que traria outra em pouco tempo. Parou de vir pizza por um tempinho, mas antes que eu pudesse reclamar, outro garçom veio até nós avisar que estava demorando, pois eles tinham acabado de pôr várias no forno, mas que já já sairiam vários sabores. Quando elas voltaram a vir, um terceiro garçom veio nos avisar que a de camarão que nós tínhamos pedido já estava saindo. E foi essa maravilha a noite toda. Eu pedia pizza de peperoni pra um garçom, outro vinha servir, outro vinha conferir se eu já tinha conseguido. Eu pedia pizza de brownie, ela vinha quase imediatamente e, quando saía a seguinte, o garçom perguntava se eu queria outra. Uma maravilha de atendimento. No fim da noite, quando fomos pagar, o senhor muito simpático que leva a maquininha até a mesa perguntou:

- E aí? Foi tudo do agrado de vocês? A comida tava boa? Os meninos atenderam vocês direitinho?

Aquele tipo de tratamento que te faz sentir o cliente mais especial e importante do mundo. E eu não acho que isso é bônus, isso faz parte do trabalho de um garçom e eu, se tivesse como funcionário o do Joe e Leo’s, o demitiria assim que soubesse de seu comportamento irresponsável. Paguei os 10% de atendimento na Parmê cheia de boa vontade que não tive no dia anterior.

É o mesmo caso dos restaurantes de comida japonesa que eu e Gabriel gostamos de ir. Na verdade, vamos sempre a um só: Konomi Ai, no Baixo Recreio. Não é o melhor sushi de salmão do mundo, mas tem um frango agridoce maravilhoso e um sei-lá-o-quê de banana com açúcar, canela e calda de caramelo que é um pedaço do céu. E tem um atendimento tranquilo. Um dia, Gabriel resolveu me levar no Sushi Mar, “o melhor restaturante japonês do Rio”. E a comida lá é realmente maravilhosa. Tem até sushi de haddock, um peixe carésimo que não tem em qualquer restaurante japonês por aí. O problema é que, em duas vezes que fomos lá, o atendimento foi horrível. Horrível mesmo, uma das piores experiências que já tive em um restaurante. O garçom parecia que atendia a gente com raiva, mau humor... A comida demorava horrores pra chegar, até que a gente nem queria mais comer. Demos outra chance e foi o mesmo problema. Então, nunca mais quis ir até lá. E só voltei lá quando tive que escolher entre ir lá ou ao Estrela do Sul do Recreio, que é outra história. Fui um dia com o Gabriel usando um cupom comprado no Peixe Urbano ou algo do tipo. E o fulano que veio nos receber assim que chegamos, que conhecia o Gabriel, não respondeu quando o Gabriel me apresentou. Logo em seguida, pedi uma água e ele, como não estava olhando pra mim, não ouviu ou sei lá o quê, e eu tive que pedir pro Gabriel pedir uma água pra mim, já que aquele garçom não se dirigia a mim de jeito nenhum. Deu vontade de fazer a louca e gritar um “É porque eu sou preta?” ou um “É porque eu tô de chinelo?” ou “É porque eu sou pobre e tô pagando com cupom de site de compra coletiva?”. A comida estava ótima, mas me senti tão mal lá que não quero voltar nunca mais.

Enfim, o combinado, semana passada, era ir ao Konomi Ai e pagar com o Ticket Refeição do Gabriel. Ficamos super frustrados quando o garçom disse que eles não aceitam TR lá. Como eu estava desarrumada depois de um dia inteiro de trabalho, não quis ir pro Estrela do Sul receber aqueles olhares que recebi da outra vez e ter que me esforçar pra conseguir uma garrafinha de água sem gás, então resolvemos ir ao Pizza & Pasta (que não tem mais esse nome, mas nunca lembro qual é o nome novo), mesmo não estando tão a fim de comer massa. Como o Pizza & Pasta fica na mesma “galeria” que o Sushi Mar, resolvemos ir lá dar uma nova chance, mais de um ano depois, e ver se valia a pena comer lá. E não é que valeu? Não sei se demos sorte ou se eles estão instruindo melhor os garçons, mas foi tudo muito satisfatório, de acordo com a comida, definitivamente melhor que a de qualquer outro restaurante japonês que conhecemos. Ainda estou receosa de voltar lá, mas pelo menos agora eu quero.

Ao Joe e Leo’s, não volto mais. E, semana que vem, vou lá pro Outback com meus ex-alunos da conversação me sentir a cliente mais especial do mundo e não me arrepender de dar gorjeta.