segunda-feira, 4 de julho de 2011

Control freak ou As Ostras

A idéia não era ficar esse tempo todo sem escrever, sem postar. Mas é de fato muito mais fácil vir aqui escrever quando estou com a cabeça de cabeça pra baixo do que quando estou vivendo a vida atarefada, sem tempo de lidar comigo mesma. É muito mais fácil parar pra escrever quando eu sei que não dá pra ir deitar e dormir.

Eu tenho pensado muito no fato de que eu falo muito e que talvez o meu muito seja demais. Passei 2010 (e acho que 2009 também) debatendo sobre o silêncio. O quanto me incomodou ficar sem falar sobre as coisas, o quanto me fez mal engolir sentimentos e pensamentos por não poder falar pra determinadas pessoas ou não poder escrever em lugares públicos. E aí, não sei como aconteceu, mas parece que, em algum momento, eu voltei a falar. E estou começando a lembrar do lado negativo disso.

Eu não sou uma ostra. Eu dou minha opinião pra tudo, mesmo quando não me pedem. Costumo perceber, eu acho, quando estou sendo inconveniente, mas no geral, sempre tenho algo a manifestar e assim o faço. "It's like as soon as I have an opinion, it just has to come out", já dizia Kate Nash. E isso causa um problema porque, pelo o que eu venho reparado, empiricamente, as outras pessoas não são assim. As pessoas não falam o que pensam espontaneamente, se intimidam por eu fazê-lo tão incisivamente (ainda que eu não tenho intenção de convencer ninguém) e as pessoas não sabem dizer não. As pessoas são ostrinhas, fechadinhas em suas conchas. E acabam aceitando o que eu falo. E aí eu fico me sentindo a maior controladora do mundo. Manipuladora, até. E não gosto disso. Não gosto de me ver assim, mas também não gosto que as pessoas sejam ostras, que não se dão o direito de bater de frente comigo, de discordar, de expor a opinião também. E aí acaba ficando cômodo, não é mesmo? Eu faço tudo o que quero e, ao mesmo tempo, vou perdendo o respeito pelos outros, por se comportarem como ostras. Não consigo gostar de ostras, não consigo respeitar gente que não se impõe, que acata tudo pacificamente.

E aí, quando lido com alguém assim mais parecido comigo, sinto um certo alívio e penso em como seria bom ser rodeada de mais gente parecida comigo. Só que esse pensamento dura dois segundos. Na verdade, seria péssimo viver rodeada de mais gente parecida comigo. Seria uma disputa de tiranos instransigentes, batendo de frente o tempo todo, sem nunca chegar a um acordo. Ah, é claro, alguém sempre pode ceder. Mas é tão mais legal não ceder e fazer sempre o que se quer, não é mesmo? Ok, não falo por mal. O que eu quero dizer é: todo mundo quer fazer o que quer. Óbvio até aqui. Ceder não é legal pra ninguém e, pelo visto, o que me diferencia das outras pessoas, é que eu me disponho com menos frequência a ceder. E, ao mesmo tempo em que isso me faz sentir uma pessoa horrível, fico pensando: e qual é o problema? Porque toda vez que converso com uma ostra, ou simplesmente com uma pessoa que cede mais, mesmo não sendo uma ostra, vejo que a pessoa também não está feliz cedendo. E aí por que cede? Ah, claro, porque você é uma pessoa muito mais gostável se você cede mais às coisas.

O mundo prefere as ostras. E eu sou uma ornitorrinca horrível, porque sou sincera demais e aí me exponho demais, inclusive as partes horrendas (como essa, não é mesmo?) e vou me tornando menos e menos gostável. Porque gostáveis são as ostras, quietinhas e submissas. E eu as acho ridículas por serem assim. Só que, pelo visto, eu ainda tenho muito a aprender com elas. Não que eu precise me transformar em uma ostra. Mas tem que haver um meio termo. Um meio termo em que eu não seja a pessoa que faz tudo por todo mundo, mas também não seja a mais egoísta e controladora do mundo. Meta 2011.

Nenhum comentário: